domingo, 27 de abril de 2008

Gráficos em Ventilação Mecânica - loops

Os gráficos das variáveis ventilatórias no ventilador nos mostram detalhes a respeito do modo ventilatório, da interação paciente/máquina e do comportamento mecânico do sistema respiratório (complacência e resistência) ou impedâncias. A correta interpretação destes dados e os devidos reajustes do respirador asseguram ao paciente maior conforto, melhor troca gasosa e menor risco de complicações cardio-pulmonares associados à VM.

Num outro momento falarei sobre as curvas: volume, fluxo e pressão sobre o tempo e as suas relações com os modos ventilatórios e a interação paciente/máquina.

Aqui, pretendo falar brevemente sobre os LOOPs ou ALÇAS (volume / pressão e fluxo / volume) focando a mecânica do sistema respiratório sob três situações: NORMAL, DPOC e SDRA. O modo ventilatório utilizado é o volumétrico com fluxo contínuo.


Neste primeiro slide, os valores da complacência e da resistência são normais. Podemos ver o traçado da alça V / P, ela reflete bem o comportamento elástico do sistema respiratório (complacência ou o seu inverso que é a elastância). Por isso é comum ser chamada de curva de complacência. Podemos ver que a linha vermelha (fase inspiratória), não se localiza no mesmo espaço gráfico que a azul (fase expiratória) formando uma alça fusiforme. Este comportamento é chamado de histerese e tem uma grande relação com o surfactante pulmonar. A inclinação desta alça tem relação com a complacência do pulmão e da parede torácica.

A alça FLUXO / VOLUME, nos mostra na linha azul (fase expiratória) o comportamento do fluxo relacionado com a constante de tempo do SR (produto entre a complacência do sistema respiratório = Csr e a resistência das vias aéreas = Raw). Nesta condição ele se apresenta com um pico alto no início da expiração, seguido por uma queda rápida e normalmente chega a zero (nulo) no final.

Os padrão gráfico destas alças se modifica quando ocorrem mudanças nas impedâncias do SR. Veremos alguns exemplos a seguir.


Na DOPC, podemos ver na alça V / P uma grande histerese resultante da grande resistência das vias aéreas. Na alça FLUXO / VOLUME (curva expiratória - azul), o pico de fluxo é baixo, seguido por uma queda rápida e que se torna lenta no meio e no fim da expiração. Muitas vezes o fluxo não termina antes que uma outra inspiração se inicie, resultando em aprisionamento de ar ou auto-PEEP. Isto ocorre devido uma constante de tempo alta (altas Csr e Raw), comum principalmente no enfisema.


Na SDRA, podemos ver uma histerese muito pequena na alça V / P e uma inclinação grande em direção ao eixo da pressão como conseqüência de um baixa complacência. Na alça FLUXO / VOLUME, observamos um pico de fluxo expiratório alto, seguido por uma queda muito rápida até o final da expiração. Algumas vezes o fluxo termina antes do fim da expiração. Este comportamento é devido uma constante de tempo baixa (Csr baixa e uma Raw baixa, normal ou ligeiramente alta).

Esta exposição é básica, sem o propósito de se aprofundar no assunto, a minha intenção com isso é mostrar que podemos explorar mais os recursos que os respiradores microprocessados possuem e desta forma melhorar a assistência ventilatória aos pacientes na UTI. Maiores informação sobre este tema podem ser encontradas nos bons livros do ramo.

Aguardem novas publicações!

Obrigado.

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