segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Ventilação Não Invasiva - prática baseada em evidência

NOÇÕES SOBRE PRÁTICA BASEADA EM EVIDÊNCIA

A busca de evidência dos benefícios das práticas na área de saúde não é uma preocupação recente. Há muitos anos, profissionais e pesquisadores estudam os efeitos de diversas condutas terapêuticas em todas as áreas de atuação médica, para isso, estabelecem protocolos baseados em justificativas clínicas e fisiológicas e registram os resultados encontrados. Esta preocupação tem por finalidade avaliar a eficácia dos procedimentos e aprimorá-los, de forma a prover ao paciente o melhor benefício terapêutico.

Nos últimos anos, a prática baseada em evidência (PBE) recebeu um novo conceito e padronização e passou a ser mais difundida pelo mundo.

Os seus objetivos são:

1- Melhorar o cuidado prestado aos pacientes, cuidadores e comunidades;
2- Reduzir as variações das práticas realizadas;
3- Utilizar uma evidência de alta qualidade sobre os benefícios e os riscos;
4- Desafiar a prática baseada na crença em relação à baseada na evidência;
5- Tomar decisões mais transparentes;
6- Integrar o paciente na tomada de decisões;
7- Assegurar que o conhecimento norteie a prática através das atividades de ensino permanente.

Existe uma hierarquia na PBE para fornecer base sobre a eficiência dos tratamentos utilizados.

I- Grande evidência de pelo menos uma revisão sistemática baseada em vários estudos controlados e randomizados com alta qualidade;

II- Grande evidência de pelo menos um estudo controlado e randomizado com tamanho e parâmetro clínico apropriados;

III- Evidência de estudos não-randomizados bem desenhados, grupo único pré-pós, cohort, seriados ou estudos de casos semelhantes;

IV- Evidência de estudos não-experimentais bem desenhados realizados por mais de um grupo ou centro e;

V- Opiniões de autoridades respeitadas, baseadas na experiência clínica, estudos descritivos, ou registros em comitês de consenso de especialistas.


VNI - BASEADA EM EVIDÊNCIA

Tabela elaborada com a colaboração de Alane Bernardo, aluna do 8º período do curso de fisioterapia da UFRJ, acadêmica bolsista do CTI do HCPM / PMERJ.

Referências:

1. Bury T. Evidence Based Practice - an overview. World confederation for physical therapy. 2003.

2. Mehta S, HillNS. Noninvasive ventilation. Am J Respir Crit Care Med 2001; 163: 540-77.

3. Peñuelas O, Frutos-Vivar F, Esteban A. Noninvasive positive pressure ventilation in acute respiratory failure 2007; 177(10): 1211-8.

4. Cheung TMT, Yam LYC, Law ACW, Kong BMH, Yung RWH. Effectiveness of noninvasive positive pressure ventilation failure in severe acute respiratory syndrome. Chest 2004; 126: 845-850.

5. Meduri GU et al. A multiple-center survey on use in clinical practice of noninvasive ventilation as a frist-line intervention for acute respiratory distress syndrome. Crit Care Med 2007; 35: 18-25.

6. Maijd A and Hill NS. Noninvasive ventilation for acute respiratory failure. Curr Opin Crit Care 2005; 11: 77-81.

7. Rocker GM, Mackenzie M-G, Willians B, Logan M. Noninvasive positive pressure ventilation. Successful outcome in patients with lung injury/ARDS. Chest 1999; 115: 173-177.

8. Klein M, Weksler N, Bartal C, Zilberstein G, Gurman GM. Helmet noninvasive ventilation for weaning from mechanical ventilation. Respir Care 2004; 49 (9): 1035-1037.

9- Masa JF e cols. The obesity hipoventilation syndrome can be treated with noninvasive mechanical ventilation. Chest 2001; 119: 1102-1107.

10 - II Concenso Brasileiro de Ventilação Mecânica. Suporte ventilatório Não-invasivo com pressão positiva.


COMENTÁRIO PESSOAL:

É fato que nem todas as práticas na área de saúde podem ser avaliadas buscando-se um elevado nível de evidência sobre a óptica da PBE
(ex.: grupo controle, randomização...), a maior limitação está no comprometimento da ética na prática médica. É inquestionável a falta de ética quando separamos grupos de pacientes para avaliação de procedimentos, onde um grupo não recebe a terapia indicada para o seu caso. Os autores de trabalhos científicos e os profissionais de saúde não questionam a importância das meta-análises de trabalhos com grande relevância baseada em evidência, porém não se pode deixar de lado a experiência profissional sobre os efeitos dos tratamentos utilizados. As observações dos efeitos terapêuticos e a troca de experiências muitas vezes são as únicas formas de se constatar o benefício ou não de um tratamento. Nos estudos de revisão de Hess Dean R. The evidence for secretion clearance techniques. Cardiopulmonary Physical Therapy Journal 2002 e Secretion Clearance Techniques: Absence of Proof or Proof of Absense? Editorials 2002:7; 757, o autor constata a falta de evidência de alto nível para todas as técnicas fisioterapêuticas desobstrutiva, porém ele levanta uma questão: "A falta de evidência significa falta de benefício?" Pelo menos para estas práticas ele conclui que não (e eu penso o mesmo). É claro que todo desenvolvimento ou crescimento humano, em qualquer área, necessita de muito estudo e dedicação, não devemos nos acomodar com as constatações imediatas daquilo que estamos observando, sempre que possível devemos colocá-las a prova, questionando os seus efeitos e comparando-as com outras práticas, desta forma nos aproximamos da verdade.

Aguardem novas publicações!

Abraços a todos.