quinta-feira, 13 de maio de 2010

Modo Ventilatório - Tracheal Gas Insufflation - TGI (parte 3)

Como foi comentado na parte 1 deste assunto, a TGI consiste na aplicação contínua ou fásica de um fluxo gasoso diretamente no interior da traquéia simultaneamente com a ventilação mecânica convencional.

A figura abaixo mostra, de forma esquemática, uma possibilidade de montagem dos componentes desta modalidade.

O objetivo desta técnica ventilatória é prevenir ou reverter, de forma minimamente invasiva, as complicações orgânicas decorrentes do aumento do CO2 no sangue, quando em situações específicas a hipercapnia não seria tolerada.

Então, uma possível indicação da TGI seria na associação entre LPA ou SDRA (onde a estratégia ventilatória de proteção pulmonar e hipercapnia permissiva poderia estar indicada) com hipertensão intracraniana, arritimias cardíacas graves e acidemia importante, complicações nas quais a hipercapnia agravaria muito o quadro destes pacientes.

A TGI associada à ventilação limitada por pressão poderia minimizar a VILI e também reduzir a hipercapnia.

Na figura abaixo veja como ficaria a distribuição gasosa pulmonar nas fases inspiratória e expiratória, nas situações sem TGI (desenhos superiores) e com TGI (desenhos inferiores).


Desenhos superiores:
Na fase expiratória durante um ciclo convencional de VM há prevalência do CO2 nos pumões e nas vias aéreas, o CO2 alveolar está representado pelos círculos amarelos, o CO2 das vias aéreas pelas cruzes verdes e o oxigênio pelos círculos azuis.

Ao se iniciar a fase inspiratória, o gás oriundo do ventilador (rico em O2) é direcionado às vias aéreas e "empurra" o CO2 contido no espaço morto anatômico em direção aos alvéolos.

O resultado é uma mistura gasosa alveolar com parte de CO2 e O2. Quando a hipoventilação permissiva é adotada, a concentraçào de CO2 se eleva bastante no EM anatômico e nos alvéolos e consequentemente no sangue arterial.

Desenhos inferiores:
Com a utilização da TGI, grande parte do CO2 acumulado nas vias aéreas e alvéolos é removida durante a fase expiratória e uma quantidade maior de gás livre de CO2 liberado pelo respirador consegue atingir os alvéolos.

Aguardem a última parte deste tema.

Abraços a todos.

Um comentário:

Alex Kimura disse...

Caro Daniel, gostei muito do seu blog, até mesmo porque não o conhecia... Como especializando em fisioterapia intensiva, achei bastante interessante o tema abordado e gostaria de saber quando será lançado a última parte desse artigo... aguardo retorno... abraços!!
Alex - Manaus - AM