Na DPOC agudizada, além da piora da troca gasosa (hipoxemia e acidose respiratória) que levam ao aumento da demanda ventilatória, o trabalho mecânico respiratório também se encontra bastante aumentado, tanto em virtude do aumento da resistência das vias aéreas (boncoespasmo e produção de secreções), quanto pelo aumento da carga elástica em virtude da auto-PEEP.
Alguns trabalhos científicos com bons níveis de evidência que avaliaram a VNI na DPOC agudizada mostraram que é bastante relevante o uso da VNI-BiPAP na diminuição da taxa de intubação, complicações respiratórias e mortalidade nestes pacientes.
Porém em muitos hospitais privados e públicos nem sempre dispomos destes equipamentos por serem muito caros. Nestas situações o uso do CPAP pode ajudar na melhoria da troca gasosa e na diminuição do trabalho respiratório. Para tentar explicar o efeito do CPAP na diminuição do trabalho respiratório da DPOC agudizada, mostrarei dois gráficos de relação volume-pressão em duas situações: DPOC sem CPAP e com CPAP.
O primeiro gráfico abaixo mostra a relação volume-pressão de um paciente com DPOC sem CPAP. A linha laranja é a curva volume-pressão durante a inspiração e expiração (setas brancas), a área vermelha é a auto-PEEP e a área amarela representa o trabalho respiratório realizado. Note que a inspiração começa a partir de um ponto onde a CRF está aumentada (esfera verde) e há um certo grau de estiramento pulmonar causado pela auto-PEEP. Para facilitar o entendimento vou considerar valores, supomos que a auto-PEEP seja de 10 cm H2O, o trabalho dos músculos inspiratórios se inicia a partir deste valor (10 cm H2O) e a contração destes músculos num primeiro momento é só para desfazer a auto-PEEP e quando as pressões alveolar e atmosférica se igualam ocorre a entrada de ar atmosférico pelas vias aéreas. Então podemos concluir que no primeiro momento da inspiração nenhuma ventilação está acontecendo, o trabalho ventilatório é ineficaz e só posteriormente é que há entrada de ar. Desta forma, o momento inspiratório na curva volume-pressão passa a ocorrer quando ela se encontra na fase pior (curva tendendo a se inclinar para o eixo da pressão) e uma maior força muscular será necessária para gerar o volume.
O segundo gráfico mostra uma situação onde um paciente com DPOC está sendo ventilado em CPAP. Como já comentado, utilizarei o valor de 10 cm H2O para a auto-PEEP e aplicarei um CPAP de igual valor. Nesta condição, pode-se ver que o trabalho respiratório (áreas amarelas) passa a acontecer acima da CRF (esfera verde) e abaixo dela. Acima dela, a inspiração acontece normalmente pela atividade muscular inspiratória normal (inspiração ativa), a expiração que se dá a seguir também acontece normalmente (expiração passiva) até a CRF. Abaixo deste nível volumétrico (área amarela abaixo da esfera verde - CRF), a atividade muscular expiratória se encarrega de aumentar a exalação (ativa). A interrupção da atividade muscular expiratória subseqüente, acarreta no reestabelecimento da CRF (esfera verde) por meio do aumento do volume promovido pelo CPAP após o relaxamento dos músculos expiratórios (inspiração passiva).
A conclusão desta exposição mostra que é válido utilizar o CPAP quando não dispomos de equipamentos mais sofisticados como o BiPAP para fazer VNI nos pacientes com DPOC. Alguns tipos de CPAPs também são caros, mas são muito mais acessíveis do que o BiPAP.
Nas próximas postagens mostrarei como se confeccina passo a passo, um gerador de fluxo de CPAP com um baixo custo e que tem a mesma eficácia dos industrializados.
Alguns trabalhos científicos com bons níveis de evidência que avaliaram a VNI na DPOC agudizada mostraram que é bastante relevante o uso da VNI-BiPAP na diminuição da taxa de intubação, complicações respiratórias e mortalidade nestes pacientes.
Porém em muitos hospitais privados e públicos nem sempre dispomos destes equipamentos por serem muito caros. Nestas situações o uso do CPAP pode ajudar na melhoria da troca gasosa e na diminuição do trabalho respiratório. Para tentar explicar o efeito do CPAP na diminuição do trabalho respiratório da DPOC agudizada, mostrarei dois gráficos de relação volume-pressão em duas situações: DPOC sem CPAP e com CPAP.
O primeiro gráfico abaixo mostra a relação volume-pressão de um paciente com DPOC sem CPAP. A linha laranja é a curva volume-pressão durante a inspiração e expiração (setas brancas), a área vermelha é a auto-PEEP e a área amarela representa o trabalho respiratório realizado. Note que a inspiração começa a partir de um ponto onde a CRF está aumentada (esfera verde) e há um certo grau de estiramento pulmonar causado pela auto-PEEP. Para facilitar o entendimento vou considerar valores, supomos que a auto-PEEP seja de 10 cm H2O, o trabalho dos músculos inspiratórios se inicia a partir deste valor (10 cm H2O) e a contração destes músculos num primeiro momento é só para desfazer a auto-PEEP e quando as pressões alveolar e atmosférica se igualam ocorre a entrada de ar atmosférico pelas vias aéreas. Então podemos concluir que no primeiro momento da inspiração nenhuma ventilação está acontecendo, o trabalho ventilatório é ineficaz e só posteriormente é que há entrada de ar. Desta forma, o momento inspiratório na curva volume-pressão passa a ocorrer quando ela se encontra na fase pior (curva tendendo a se inclinar para o eixo da pressão) e uma maior força muscular será necessária para gerar o volume.
O segundo gráfico mostra uma situação onde um paciente com DPOC está sendo ventilado em CPAP. Como já comentado, utilizarei o valor de 10 cm H2O para a auto-PEEP e aplicarei um CPAP de igual valor. Nesta condição, pode-se ver que o trabalho respiratório (áreas amarelas) passa a acontecer acima da CRF (esfera verde) e abaixo dela. Acima dela, a inspiração acontece normalmente pela atividade muscular inspiratória normal (inspiração ativa), a expiração que se dá a seguir também acontece normalmente (expiração passiva) até a CRF. Abaixo deste nível volumétrico (área amarela abaixo da esfera verde - CRF), a atividade muscular expiratória se encarrega de aumentar a exalação (ativa). A interrupção da atividade muscular expiratória subseqüente, acarreta no reestabelecimento da CRF (esfera verde) por meio do aumento do volume promovido pelo CPAP após o relaxamento dos músculos expiratórios (inspiração passiva).
A conclusão desta exposição mostra que é válido utilizar o CPAP quando não dispomos de equipamentos mais sofisticados como o BiPAP para fazer VNI nos pacientes com DPOC. Alguns tipos de CPAPs também são caros, mas são muito mais acessíveis do que o BiPAP.
Nas próximas postagens mostrarei como se confeccina passo a passo, um gerador de fluxo de CPAP com um baixo custo e que tem a mesma eficácia dos industrializados.
5 comentários:
Oi Daniel !!!!!!!!
Parabéns pelo blog. Só você mesmo pra ter uma iniciativa tão boa!!! Está tudo tão explicadinho que parece que estou assistindo suas costumeiras aulinhas de depois do almoço....hahahaha
Mal posso esperar pra ver o passo a passo do seu lendário gerador de fluxo....rs
Vou indicar o blog pra todo mundo!!!!!!
Bjão
Olá Daniel!!!
Parabéns pelo blog...Ficaria melhor ainda se você postasse também imagens.
Bjos
Olá, Daniel, estou estudando para a prova de Pneumo-Cardio, adorei suas explicações, faço Fisioterapia e meu nome é Nina. Valeu. Abraços.
Olá Daniel,meu nome é Cristina e tenho um filho tem 18 anos fez a polissonografia em Manhuaçu e descobriu que estava com apnéia do sono, (acho que a obstrutiva)ele começou a usar o CPAP,como estou no Rio infelizmente não posso acompanhar muito. Interessante que fui visitá-lo, filmei ele dormindo de dia sem o CPAP e nada mexia, pulmões, peito pq normalmente qdo agente respira algumas partes do corpo mexe com o puxar e soltar do ar, fiquei encucada com isso? pq será?se puder me dar uma luz, agradeço. Adorei seu blog, está de parabéns!!!
Oi Daniel! Meu marido tem apneia do sono, fez a polissonografia e comprou um cepap resmed s 8 mas só usou por um minuto.Tem algum jeito dele usar este aparelho? Ele é muito ansioso.
Vc pode me ajudar?
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